sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sacolas plásticas: usar ou não usar?

Os argumentos contra e a favor são bastante consistentes quando se fala no uso das sacolas plásticas. Quem defende, lembra que são reutilizáveis e recicláveis, além de sustentarem uma indústria que gera milhões de empregos em todo o mundo. Quem ataca, ressalta o tempo que levam para serem absorvidas pela natureza e o fato de poderem ser substituídas por outros materiais menos agressivos ao meio ambiente. Fato mesmo é que o plástico chegou, dominou o mundo e agora suscita a pergunta: é possível viver sem ele, já que é matéria-prima que produz é a mesma do computador e das seringas descartáveis?


 Para Paulo Henrique Lomi Medeiros, gerente social e consultor de coleta seletiva da Caec (Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava), é possível sim, pelo menos no que diz respeito às sacolas. “As sacolas de pano já são uma alternativa hoje em alguns estabelecimentos, outros não fornecem sacolas plásticas gratuitamente para estimular a queda no consumo. Não vamos esquecer das sacolinhas de papel que eram usadas antigamente nas padarias. Por que não retomarmos a este hábito?”, questiona.

No entender de Medeiros, as sacolinhas e os copos plásticos descartáveis são uns transtornos ao meio ambiente, porque a reciclagem é complicada do ponto de vista social. “As sacolinhas são mais fáceis de vender, porém só as grandes cooperativas de catadores têm se interessado em coletá-las e vendê-las. Já os copos ainda representam um problema mais grave, porque o mercado de reciclagem não absorve”, informa o consultor.

Segundo ele, o valor pago para a pouca quantidade do material é tão baixo que os catadores ainda não organizados pelas ruas (representantes da maior fonte de coleta de materiais recicláveis) não têm interesse e por isso não as coletam. “O ideal então é que se reduza o consumo e que o que for descartado seja encaminhado para as cooperativas de catadores, como o caso da Caec, que tria, prensa e pesa as sacolinhas, vendidas diretamente para a indústria paulista”, sugere.

Ele complementa: “A natureza também agradecerá se as pessoas e empresas em vez de comprar seus copos descartáveis em PS (poliestireno) os comprem em PP (polipropileno), pois o mercado de recicláveis consegue absorvê-los”. É possível ver a sigla embaixo dos copos.


Lei das sacolas plásticas: quer descontos ou sacos?

Desde do dia 16 de julho de 2010, as grandes redes de supermercados cariocas deverão fazer a substituição das sacolas plásticas pelas retornáveis. A Lei 5.502/2009 determina a substituição e o recolhimento de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais localizados em todo o Estado do Rio.

O objetivo é colocar as sacolas à disposição do ciclo de reciclagem e proteger o meio ambiente. Segundo a lei, o prazo para a substituição destas sacolas é de dois a três anos para microempresas e empresas de pequeno porte. Para as empresas de médio e grande porte, o prazo é de um ano.

Descontos ou sacolinhas?

Os supermercados já estão se adequando à necessidade de reduzir as sacolas plásticas. A Rede Walmart, por exemplo, devolve ao consumidor em forma de desconto o valor de R$ 0,03 para cada sacola poupada em suas compras. O programa “Cliente Consciente Merece Desconto”, da Rede, já evitou, em cerca de dois anos, o uso de 27 milhões de bolsas plásticas.

O consumidor que optar por não levar as bolsas plásticas dos supermercados, ganhará desconto nas compras. A cada grupo de cinco itens comprados, haverá um abatimento de R$ 0,03 do valor total da compra. Quem devolver as sacolas plásticas receberá, a cada 50 unidades, um quilo de arroz ou feijão.

Cabe a cada um, conscientemente responder à pergunta: “quero desconto ou quero as sacolinhas?”. Caso seja necessário levar as sacolinhas, que sejam trazidas de volta na próxima compra. Cinqüenta sacolinhas por um pouco de arroz e feijão é uma boa alternativa? Só o tempo dirá. Começa a temporada de caça às sacolas plásticas.

Particularmente, prefiro levar minhas próprias sacolas. Se a compra for grande, e eu não tiver sacolas suficientes, uso as caixas de papelão fornecidas pelo supermercado.

Eventualmente, trago sacolas plásticas, quando faço uma comprinha inusitada e não estou com uma retornável nas mãos. (imperdoável, não?). Preciso tornar isto um hábito: ter sempre uma sacola retornável dentro do carro.


E o lixo doméstico, onde colocá-lo?

As sacolinhas de supermercado, utilizadas para acondicionar o lixo, agora, valorizado, perderão esta utilidade? Creio que sim, uma vez que, gradativamente, irão desaparecendo do mercado. Toneladas de resíduos são despejados todos os dias em lixões a céu aberto, o que representa um risco à saúde e ao ambiente. Como minimizar isto?

É importante que a população busque outras alternativas para acondicionar o lixo doméstico. Quantas bolsas de lojas de roupas e outros materiais, caixas de presentes (embalados em sacos plásticos) e outros produtos são descartadas, acondicionadas em sacolas plásticas de supermercado, como se fossem lixos. Por que não transformá-las em “sacolas de lixo?”

As embalagens plásticas ou de papelão dos produtos que compramos em lojas, feiras, butiques, sapatarias e tal são adequadas para receber os resíduos. Na lixeirinha da pia uso os sacos de feijão e arroz, por exemplo. Sacos de pão de forma, sacos de lojas, caixas de sapato, de biscoitos ou qualquer outro produto dá uma boa lixeirinha. Isto funciona bem para mim, que produzo pouco lixo.

Reduzir, reaproveitar e reciclar o “lixo”

A consciência na hora da compra é essencial para reduzir o lixo doméstico. Comprar garrafas de refrigerantes ou sucos e garrafões de água retornáveis; preferir produtos com pouca ou nenhuma embalagem. São algumas alternativas para reduzir as latinhas, as caixinhas longa vida e as garrafinhas plásticas, por exemplo.

Se a população reduzir e separar o lixo para reciclagem, enterrar o lixo orgânico no quintal ou na horta, (ou fazer uma composteira), já terá contribuído muito para diminuir a quantidade do lixo domiciliar. O que não for reaproveitável ou reciclável pode ser acondicionado em sacolas biodegradáveis, disponíveis no mercado, ou, de forma mais econômica, na própria embalagem dos produtos.

Quem tem outra idéia para acondicionar o lixo? Conte para a gente! Quanto menos sacolas plásticas no ambiente, melhor. Afinal, quem lucra com as sacolas alternativas? Quem leva o lucro maior, com certeza, é o Planeta. E as futuras gerações agradecem.

 


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