terça-feira, 3 de junho de 2008

Papai super-homem


A figura masculina e durona dos homens revela um outro lado sensível e protetor. Assumir a responsabilidade de criar e educar os filhos é cada vez mais comum entre eles

Trabalhar fora, educar os filhos, cuidar da casa, limpar, passar, cozinhar, ir ao supermercado... ufa! A maratona que antes era vivida apenas por mulheres se adapta, aos poucos, à rotina dos homens. Enquanto elas buscam independência profissional e financeira, na contramão desse caminho eles se voltam cada vez mais para os filhos e assumem o papel de papai Super-Homem, antes ocupado pela mamãe Mulher-Maravilha. Em tempos modernos é cada vez mais comum vê-los sentimentalmente transformados e com a paternidade à flor da pele, ainda que seja diferente da criação dos filhos apenas pelas mães. Se antes o papel era desempenhado em sua maioria nos casos de viuvez, agora a história é outra.

Apesar de pouco expressivo, torna-se muito comum o número de pais que pedem a guarda judicial dos filhos em casos de separação e divórcio ou daqueles que inscrevem em programas de adoção. Uma pesquisa realizada em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que dos 4855 processos de separação, apenas 6% dos homens tiveram ganho de causa. Outra pesquisa do mesmo Instituto revelou que em dez anos o número de homens que assumiram a paternidade total dos filhos teve um tímido aumento: de 258 para 299. “Hoje o lugar do pai se ampliou, saindo somente do aspecto ligado à sobrevivência e aos limites, para uma abrangência de afetos e compromissos emocionais. A paternidade é uma construção afetiva e social que está inserida num determinado momento histórico de cada sociedade. Não existe só um modelo de pai. Cada pai é construído por suas experiências de vida, seus modelos de pai-mãe e filho, seus sentimentos de aceitação, rejeição, cuidados, maus-tratos, respeito, desrespeito”, diz a terapeuta especialista em relacionamentos e presidente da Abratef de São Paulo (Associação Brasileira de Terapia Familiar) Sandra Fedullo Colombo. A terapeuta também é co-fundadora do Sistemas Humanos – Núcleo de Estudos e Práticas Sistemicas familiar, individual e grupo.

A experiência de acordar de madrugada, trocar fralda, dar mamadeira, levar e ir a reuniões de escolas, ajudar nos estudos e ainda tomar conta das tarefas da casa, além de outras atitudes e armadilhas que fazem parte da criação e que antes eram enfrentadas pelas mães, tem como troféu vivenciar uma masculinidade diferenciada que lhe permite mais segurança e melhor convivência com o mundo externo. Os pais solteiros também se tornam mais afetivos e amorosos o que reforça seus extintos naturais de proteção. Para Sandra toda essa mudança de comportamento abriu um espaço na sociedade para a discussão do lugar do pai na família atual, e essas trocas construíram um espaço de reflexão, onde os homens podem trazer seus aspectos mais amorosos, saindo do lugar do guerreiro que não pode demonstrar seus sentimentos e necessidades de afeto. As transformações da família atual incluem o espaço da mulher no mundo profissional, e o espaço do homem no mundo familiar.

“Ser pai mudou a minha vida de uma maneira muito boa. Assumi muitas responsabilidades e creio que meu individualismo, que era muito grande, diminuiu. Afinal é uma vida que precisa de minha total dedicação”. “Quando fiquei sabendo que a mãe do Bruno, estava grávida, fiquei muito feliz. Eu tinha 31 anos e ela 22. Então digo que minha vida está totalmente adaptada ao meu filho. “Desde que ele veio ao mundo, tudo sou eu que faço. Dou banho, comida, levo ao médico, passeio, enfim, tudo que uma mãe faz”, Confesso que de tanto assistir desenhos junto com o meu filho já estou familiarizado com os personagens animados. “Já conheço todos os desenhos e sei que ele (Kauã) é fã do Power Ranger Vermelho. Nós também jogamos bola, pintamos e colecionamos figurinhas”, diz. A semelhança entre pai e filho não são apenas físicas.
Mas por mais diferente e prazerosa que seja a experiência, ainda há diferença na criação dos pais e mães. Assumir a responsabilidade de educar os filhos não depende apenas de sensibilidade. A competência comportamental, afinidade, responsabilidade e organização também devem estar em ordem para assumir novos compromissos. “Ao dominar tais características, fica mais fácil educar o filho sozinho. Geralmente, o pai que assume cuidar de uma criança é uma pessoa mais equilibrada e pode centrar-se para educar bem os filhos” garante a psicóloga cognativo-comportamental Irene Araújo Corrêa. De acordo com a especialista, normalmente os homens assumem responsabilidade pelos filhos à sua maneira, embora algumas atividades sejam executadas igualmente às mães. Além disso, ele se esforça para ser presente e suprir as necessidades dos filhos quando assumem a responsabilidade sobre eles. “O fato de cuidar dos filhos pode não fazer o pai assumir o papel de mãe, mas acrescenta à relação uma proximidade maior que promove nova afeição entre ambos”, completa.

Uma nova missão!
Que educar os filhos não é nenhuma tarefa fácil, pais e mães, casados ou não, já estão cansados de saber. Mas quando se assume a responsabilidade de criá-los longe de um dos parceiros, seja por qual motivo for, o peso dessa missão parece triplicar. O excesso de preocupação em suprir as necessidades da família pode desencadear altos níveis de estresse. Levantar cedo para preparar o café da manhã, vestir as crianças e levá-las à escola, correr para não chegar atrasado ao trabalho, e atender às exigências da profissão pode deixar esses pais exaustos física e emocionalmente. Por isso, antes de sofrer desse mal é preciso reavaliar alguns pontos. Em primeiro lugar é importante saber que problemas de relacionamentos entre pais e filhos são comuns até nas melhores famílias e como nenhum lar é perfeito, as dificuldades com a educação estarão presentes. Nesses momentos, aprender a se fortalecer e entender que mesmo fazendo tudo certo o resultado pode não ser o esperado também é parte fundamental do processo.

Um diálogo coerente, equilibrado, tendo como base a educação formam um elo saudável e os conflitos tendem a diminuir com o tempo e a maturidade. Mas, assim como as mulheres, os homens podem desempenhar bem a função de zelar pelo bem-estar dos filhos. A vida de um pai solteiro também requer alguns cuidados voltados para esse homem polivalente. Querer uma companhia, procurar um outro relacionamento é comum, mas muitas vezes a dificuldade está em discutir a nova situação com os filhos, principalmente no que se diz respeito à educação e criação. “Não é errado compartilhar a educação dos filhos desde que este seja o acordo inicial do novo casal e que haja respeito quanto ao espaço do ex-cônjuge. Mas é importante que obedeçam as mesmas regras que já existiam na história da família, para não causar confusão à criança. Mudanças positivas e novas contribuições para a formação da criança devem ser inseridas de forma natural, de acordo com o ritmo da relação. É fundamental saber que não existe ex-pai ou ex-mãe. O que existe é uma nova circunstância”.


Colinho do papai
Alguns pontos são imprescindíveis para educar os filhos sozinhos!


■ Esteja preparado para assumir a paternidade e responsabilidades de criar um filho;

■ Estabeleça regras claras e consistentes;

■ Seja coerente. Não exija de seu filho atitudes que não tem;

■ Ouça seu filho, converse, dialogue com ele;

■ Imponha limites;

■ Educar os filhos conjuntamente se estiver separado ou peça ajuda se sentir dificuldade;

■ Peça para ver os cadernos, converse sobre os colegas da escola e professores;

■ Ensine seus filhos a aceitarem responsabilidade por suas ações e que cada ação tem uma conseqüência;

■ Evite comparar seu filho com outra criança;

■ Valorize o seu filho. Mostre a ele, claramente, que você está ao seu lado;

■ Demonstre seu amor e carinho.

Um comentário:

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